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‘Troca-troca’: Atual legislatura é a mais ‘infiel’ dos últimos dez anos

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Um de cada quatro deputados federais mudou de partido desde a eleição de 2014; migrações provocam brigas na base do governo


O plenário que discute a reforma política na Câmara é o que vivenciou o maior número de trocas partidárias nos últimos dez anos. Desde janeiro de 2015, quando iniciou esta legislatura (2015-2019), até agora, um de cada quatro parlamentar mudou de partido. No total, foram 124 deputados “infiéis” e, destes, 31 mudaram mais de uma vez, segundo revela o Estadão.


O “mercado de vagas” dos partidos escancarou nesta semana uma briga entre DEM e PMDB, com críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), às iniciativas do partido do presidente Michel Temer em arrematar deputados que já estavam em negociação com a sua sigla (mais informações nesta página).


Segundo dados da Câmara, foram quase 400 trocas desde 2007, quando o Supremo Tribunal Federal determinou que os mandatos pertencem aos partidos, não a deputados e vereadores. Desde então, só dois deputados perderam o mandato por infidelidade partidária, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambos eram do DEM. Walter Brito Neto (PB), em 2006, e Robson Rodovalho (DF) dois anos depois. Do total de trocas, 160 foram feitas desde o começo de 2015. E as mudanças devem se intensificar em março, quando está prevista a janela partidária, brecha para a troca sem o risco de perda do mandato.


Apesar de criticadas pelos próprios parlamentares, as propostas relativas à troca de siglas não avançaram nas discussões da reforma política. A supressão dos artigos que tratam de fidelidade partidária será, segundo a deputada Shéridan (PSDB-RR), um dos poucos consensos na votação do segundo turno de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) da qual é relatora, prevista para ocorrer amanhã na Casa.


O relatório da deputada propõe estender a regra da fidelidade partidária para cargos majoritários e seus vices e prevê que o candidato eleito por um partido que não atingir a cláusula de barreira pode mudar de sigla. A cláusula de barreira impõe restrições à legenda que não alcançar determinado porcentual de votos. “Eu acho que não ficou como queríamos, mas podia ser pior. Foi a construção política que conseguimos”, afirmou Shéridan.


Para o cientista político da Arko Advice Murillo Aragão, o levantamento feito pelo Estado com base em informações da Câmara indica uma “indústria de partidos”. “Troca de partido não é necessariamente um problema, mas não pode ser abusivo. O mundo político desmoraliza os partidos ao permitir a criação de legendas sem orientação programática.”


Por outro lado, a professora de Ciência Política da Unicamp Andréia Freitas disse ver com naturalidade o aumento das mudanças. “Em momentos de crise, é normal que haja uma maior movimentação entre os partidos. Neste momento, a que estamos vivendo é a (Operação) Lava Jato. Os políticos estão calculando qual o melhor lugar para disputar reeleição, estão se reposicionando.”


Janela. Em março de 2016, quando ocorreu a primeira janela partidária, houve 94 trocas de partido. Por meio dela, o parlamentar não tem direito à “portabilidade” – levar tempo de TV e recursos do Fundo Partidário para a nova legenda. Pela regra, a troca durante o mandato, fora da janela, só é permitida se houver “justa causa” – discriminação política pessoal, mudança no programa partidário ou se o parlamentar quiser migrar para um partido recém-criado.


Inicialmente, o relatório de outra PEC sobre reforma política, de autoria do deputado Vicente Cândido (PT-SP), previa antecipar a janela para dezembro, mas, sem consenso, a data foi mantida em março.


Na avaliação do professor de Direito do Mackenzie Diogo Rais, a janela partidária “desrespeita o laço com a sociedade”. “É uma janela casuística. Não é isonômico, pois quem mudou de partido uma semana depois tem de responder por isso”, afirmou o professor.


Campeões. Com quatro trocas de legendas no currículo – três nos últimos dois anos-, o deputado Valtenir Pereira (MT) voltou para o PSB, em julho, legenda que estava em 2013. O parlamentar alega “ânsia em fazer o melhor para o povo” e “dificuldade de entrosamento político” em legendas antigas. “(Em 2013) Tinha um grupo no PSB que queria me detonar”, justificou.


Duas das trocas de Pereira foram para partidos recém-criados, o PROS, que o elegeu em 2014, e o PMB, em 2015. Em seguida, aproveitou a janela em março do ano ado para migrar para o PMDB, mas a volta para o PSB teve outra motivação. “Eu voltei para ser presidente estadual, isso me motivou a voltar para ‘casa’”, explica o parlamentar, que não está em exercício e alega “interesses pessoais”.


Além de Pereira, dois deputados já mudaram quatro vezes nas últimas três legislaturas. Segundo dados da Câmara, Sérgio Brito (PSD-BA) ou pelo PDT, pelo PMDB e pelo PSC e, hoje, está no PSD. Brito alega que os partidos têm ideologias muito parecidas. “Se existisse uma grande discrepância do estatuto partidário, aí sim seria um problema”, justificou. O parlamentar disse, ainda, que trocou de siglas por “questões regionais” e para ter maior chance de eleição. “Se você escolher o partido correto, você já tem 50% de chance de se eleger”, explicou.


O deputado, entretanto, nega ter sido do PMDB e diz que “deve ter havido um equívoco da Câmara”. O Diário da Casa guarda os registros de 2007: primeiro, quando ele notificou a mudança de sigla, em setembro, e um mês depois, quando pediu para atualizar seus dados partidários para o PDT. Apesar de apresentar documentos das “trocas” nas duas ocasiões, as legendas não chegaram a notificar o TSE, portanto, a mudança não foi oficializada.


Ele acredita que a janela partidária prevista para março “teria a maior troca partidária do Congresso” caso o fim das coligações fosse aprovado para 2018. “De 513 deputados, uns 300 iam mudar. Não tem outra saída, as pessoas querem se reeleger”.


Já Silas Câmara (PRB-AM), vice-líder do partido na Casa, já foi do PTB, do PAN, do PSC e do PSD. No extinto PAN ficou cerca de um mês, porque o partido foi incorporado à sua legenda anterior. Silas foi um dos 40 anistiados pelo plenário da Câmara, quando o TSE fez a resolução que previa a punição por perda de mandato a “infieis partidários” – meses depois o STF chancelou a decisão do TSE. Procurado pelo Estado, o deputado não respondeu até a publicação desta reportagem.


A mudança de partido pode levar à perda do cargo se houver algum conflito, explica Rais. “Por exemplo, o partido originário pedir na Justiça o mandato do parlamentar. Isso gera um conflito e se discute se é caso de exceção”, explica.


Segundo o professor, o processo de infidelidade pode ser repressivo ou preventivo. No primeiro caso, o parlamentar sai do partido, que tem até 30 dias para pedir à Justiça Eleitoral sua vaga. “Se o partido não pedir, outras pessoas poderiam pedir, como o primeiro suplente ou o Ministério Público Eleitoral”, explica Rais. Já numa situação preventiva, o deputado pode consultar seu partido antes da troca, para não ser surpreendido com a perda de mandato.

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“Haveremos de fazer uma grande contribuição”, diz Aguinaldo sobre Federação União Progressista

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O deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro disse considerar um “momento histórico” o anúncio da criação da Federação União Progressista que se configura a partir de então, como o maior bloco do Congresso Nacional.

Aguinaldo se disse “tranquilo e absolutamente esperançoso” sobre a expectativa da possibilidade “de fazer uma grande contribuição […] para o engrandecimento do nosso país

Os comentários do parlamentar foram registrados pelo programa Correio Debate, da 98 FM, de João Pessoa, nesta quarta-feira (30/04).

Confira o áudio:

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Daniella Ribeiro destaca avanços do programa Antes que Aconteça

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Em pronunciamento no Plenário nesta terça-feira (29/04), a senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) ressaltou os avanços do programa Antes que Aconteça, iniciativa do Congresso Nacional voltada à prevenção da violência contra a mulher. A parlamentar destacou a inauguração da primeira Sala Lilás do programa em João Pessoa e anunciou a abertura da segunda unidade em Campina Grande (PB), além da implantação da primeira Casa de agem, também em João Pessoa, destinada ao acolhimento de mulheres vítimas de violência e seus filhos.

“Essa casa abrigo está fornecendo todas as demandas necessárias para que a mulher se sinta segura. Lá, além da assistência para as crianças, ela também vai contar com apoio ao empreendedorismo feminino, para se recolocar no mercado de trabalho”, afirmou Daniella.

A senadora também mencionou a de um protocolo de intenções no dia 8 de abril, com a participação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), da Procuradoria-Geral da República e da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados. O acordo vai estruturar e ampliar as ações do Antes que Aconteça, promovendo o à Justiça, inovação, produção de dados, inclusão produtiva e prevenção de crimes contra a mulher.

Daniella fez um apelo à participação dos homens no combate à violência de gênero e enfatizou a necessidade de levar o tema para dentro das escolas, como forma de romper com os ciclos de agressão que afetam também as crianças. A senadora ainda solicitou ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que leve o tema à pauta de encontros internacionais, reforçando o compromisso do Brasil com a proteção das mulheres.

Antes que Aconteça

O programa Antes que Aconteça foi criado para garantir recursos para o fortalecimento da rede de apoio às mulheres em situação de violência doméstica, com olhar especial para a prevenção. A iniciativa tem quatro objetivos principais: fortalecer o cumprimento da Lei Maria da Penha, construir políticas públicas de Justiça e segurança pública, ampliar as políticas de o à Justiça para mulheres e de formação, capacitação e produção cientifica em direitos das mulheres.

Fonte: Agência Senado

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“Federação dialoga com a redução do pluripartidarismo”, diz Efraim

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A recente formalização da federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP) marca um importante o na redução do pluripartidarismo no Brasil. O senador Efraim Filho, líder do União Brasil no Senado, compartilhou sua visão sobre este movimento político durante uma participação na CNN Brasil.

Segundo o parlamentar, a criação desta federação “dialoga com aquilo que é uma demanda da sociedade”. Ele ressaltou que “há muito tempo a própria imprensa brasileira, especialmente a nossa sociedade, cobra a redução do pluripartidarismo, a redução do número de partidos”.

Efraim lembrou que o Brasil chegou a ter 33 partidos políticos registrados, um número que vem diminuindo gradualmente. “Hoje, já no espectro menor, se começa a gerar uma identidade maior em termos de ideologia e diálogo com a população”, afirmou.

Fusões e federações: o novo cenário político

Efraim Filho destacou o histórico recente de fusões partidárias, citando a união entre o Democratas e o PSL, que resultou na criação do União Brasil. Agora, com a federação entre o União Brasil e o PP, o movimento de consolidação partidária ganha mais força.

O senador reconheceu que este processo pode gerar “resistências internas nos estados” entre os políticos. No entanto, ele argumentou que, apesar de manter os partidos separados poder ser “mais cômodo” para a classe política, a consolidação é “o mais eficiente hoje nesse cenário”.

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